Conflito em Camarões: Grupos Armados Tentam Criar Estado Independente
Desde 2017, mais de 3 mil pessoas perderam a vida em um conflito armado em Camarões, onde grupos separatistas tentam estabelecer um estado independente conhecido como Ambazônia.
03/01/2022 às 09:40 | Atualizado 03/01/2022 às 09:42
Agentes policiais camaroneses recrutados para a proteção do evento
• Reuters/reprodução
Veículos blindados patrulham as ruas de Limbe, na região sudoeste de Camarões, que enfrenta um intenso conflito armado. A escalada de violência ocorre dias antes do início da Copa Africana das Nações, programada para começar no próximo dia 9.
Camarões sediará o torneio em seis cidades, mas grupos separatistas ameaçam interromper a competição, especialmente em Limbe, que tem sido alvo de ataques armados desde o início do conflito em 2017.
O conflito resultou na morte de pelo menos 3 mil pessoas e forçou quase um milhão a deixar suas casas.
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A violência aumentou neste ano, com os separatistas utilizando explosivos improvisados com mais frequência. “Meu medo é que o fenômeno recente de explosões de bombas que têm ocorrido em outras áreas possa se tornar comum durante a Copa Africana das Nações”, declarou o jornalista local Honore Kuma.
A insegurança não é a única preocupação do torneio; há também receios relacionados à disponibilidade dos estádios e à disseminação da variante Ômicron.
Jogos em Limbe
O Estádio Omnisport de Limbe hospedará jogos do Grupo F, que inclui Tunísia, Mali, Mauritânia e Gâmbia. O primeiro jogo da chave será entre Tunísia e Mali, no dia 12 de janeiro.
A cidade vizinha, Buea, foi alvo de duas explosões em novembro, inclusive uma em uma universidade, resultando em 11 estudantes feridos. Buea atuará como centro de treinamento para algumas seleções durante o torneio.
Embora as autoridades tenham mantido os planos de segurança em segredo, elas garantiram que as partidas do Grupo F não serão interrompidas. Policiais armados e soldados já estão posicionados nas proximidades do estádio, e postos de controle foram estabelecidos nas estradas que levam a Limbe.
“A Copa Africana das Nações vai acontecer em condições muito boas. Não há motivos para preocupação”, assegurou Emmanuel Ledoux Engamba, um alto funcionário da região de Fako, que inclui Limbe e Buea.
O conflito separatista surgiu nas regiões noroeste e sudoeste de língua inglesa em 2016, quando professores e advogados protestaram contra o governo nacional de língua francesa, alegando marginalização dos anglófonos.
A repressão violenta da segurança radicalizou o movimento e fez com que grupos armados surgissem nas florestas e plantações de cacau da região.
Enquanto Limbe se prepara para acolher um grande número de torcedores, alguns moradores expressam que o futebol não é sua prioridade. “Como posso aproveitar enquanto meus irmãos e irmãs estão sofrendo devido à crise anglófona? Eles estão morrendo todos os dias”, desabafou Roland, de 33 anos, que vive próximo ao estádio de Limbe.
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